quinta-feira, 2 de junho de 2016

Eleição para nova diretoria da SEP















No XXI ENEP a Sociedade Brasileira de Economia Política, SEP, realiza também a eleição para a nova diretoria da entidade, na assembleia que acontece hoje à noite. Uma única chapa concorre. Veja aqui a carta programa e a composição da chapa que tem como presidente Marcelo Dias Carcanholo, da UFF e como vice Vanessa Petrelli Correa IE-UFU.

CARTA PROGRAMA GESTÃO 2016-2018

A resposta que o próprio capitalismo vem dando para sua crise em escala mundial evidenciou o resgate do neoliberalismo mais explícito, sem nenhum tipo de perfumaria ou paliativo. Tanto a tentativa de estabilização macroeconômica a qualquer custo como o aprofundamento de novas reformas estruturais, no sentido de intensificar a desregulamentação e liberalização dos mercados, fazem parte dos programas de ajuste em escala mundial.

Na sociedade brasileira este fenômeno mundial se manifesta pelo resgate do ajuste fiscal como o mantra necessário para, presumivelmente, reconquistar a confiança dos investidores e consumidores, e pela retórica das “reformas estruturais” que impõem mais liberalização, privatização e destituição de direitos sociais como única alternativa – uma vez mais – para retomar os investimentos, o crescimento e o desenvolvimento da economia brasileira. A concepção econômica ortodoxa, que prega o ajuste recessivo como única forma (correta) de responder aos impactos da crise da economia mundial, se explicita claramente na política econômica do governo que vem abdicando do uso de instrumentos e concepções tidos como (neo)desenvolvimentistas, em prol do liberalismo econômico. Os impactos sociais, políticos e econômicos dessa estratégia já são evidentes, e apontam para o esgarçamento social e político de nosso país.

Especificamente no aspecto político é preocupante o rápido avanço de visões radicalmente de direita, que combinam o resgate de posições políticas extremamente conservadoras com uma completa intolerância ante qualquer posicionamento divergente, mesmo que esse se limite apenas à defesa da mais ampla e irrestrita garantia dos direitos democráticos. Devemos estar alertas a movimentos deste tipo, pois, se necessário, e nos limites da natureza de nossa Instituição, temos que nos opor aos excessos. Este acirramento das posições políticas mais reacionárias se combina com o avanço do rechaço ao pensamento econômico não convencional nas Universidades brasileiras. Não é irrelevante a tentativa, tanto no meio docente quanto discente, de minimizar o ensino e aprendizado de autores como Marx, Keynes, Kalecki, Schumpeter, dentre outros que se caracterizam por terem produzido análises críticas em relação ao pensamento dominante.

A SEP, desde a sua fundação, se caracterizou pela defesa do pensamento crítico em Economia. Esse reconhecimento extrapolou nossas fronteiras, de forma que nossa Sociedade Brasileira de Economia Política, em função do trabalho de todas suas diretorias e de seus muitos membros, é mundialmente conhecida como uma das maiores e mais importantes instituições do pensamento crítico mundial.

O que propomos aqui é, portanto, acentuar o caráter da SEP como espaço de promoção, divulgação e intensificação do pensamento crítico em economia. Isto pressupõe, por um lado, o pluralismo teórico-metodológico. Não se trata de substituir uma ortodoxia, de uma teoria econômica por outra, qualquer que seja ela. Justamente o contrário. Não é possível desenvolver o pensamento crítico sem o debate franco e sério entre as distintas teorias sociais e econômicas que procuram interpretar a realidade em que vivemos. Por outro lado, é também pressuposto o caráter necessariamente interdisciplinar na constituição do pensamento crítico. As teorias econômicas não se constituem de forma autônoma. Existem diversas teorias econômicas porque existem diversas teorias sociais e, em última instância, diversos posicionamentos filosófico-políticos sobre o mesmo objeto de entendimento. Portanto, uma adequada compreensão da economia deve incluir também a maior abertura para a contribuição do pensamento crítico em outras áreas do pensamento social, como sociologia, serviço social, história, ciência política, relações internacionais, geografia, filosofia, antropologia, dentre outras. Pluralismo teórico e interdisciplinaridade são inseparáveis no objetivo de promover e divulgar o pensamento crítico.

Esse objetivo se articula com a proposta de ampliar a cooperação nacional e internacional com outras instituições, que nos permita amplificar a promoção e divulgação dos trabalhos críticos em economia. Trata-se portanto não apenas de aprofundar as relações já existentes, mas também de buscar e criar outras organizações que  ainda não tenham trabalhos de cooperação com a SEP e que defendam sua mesma perspectiva crítica e pluralista.

No mesmo sentido de apostar no aprofundamento de atividades que já se mostraram exitosas, pretende-se consolidar os Grupos de Trabalho já existentes na SEP e, ao mesmo tempo, promover outros que se apresentem. O objetivo com estas atividades, desde o início, tem sido promover a cooperação entre docentes e discentes que trabalhem em uma mesma (ou similar) temática, de forma a realizar encontros específicos, de caráter regional ou inseridos dentro do ENEP, com apresentações de trabalhos, promoções de mini-cursos, lançamento de publicações específicas, dentre outras atividades.

As atividades dos Grupos de Trabalho têm se mostrado tão exitosas que a proposta é que eles incorporem, na medida do possível, e dada a temática específica de cada um, a cooperação efetiva de trabalhos conjuntos e discussões de pesquisadores, com a perspectiva crítica de economia política, na América Latina e outras regiões do mundo. Com isso, estariam sendo conjugados vários objetivos aqui propostos.

Ademais da consolidação e ampliação das atividades já realizadas pela SEP, pretende-se desenvolver novas formas que, de fato, possam ampliar o espaço de inserção dos discentes, tanto de graduação como de pós-graduação. Isso se aplica tanto nas atividades já realizadas quanto em outras que possamos criar, como cursos de extensão com a chancela da SEP, publicações promovidas com a mesma chancela, encontros regionais, etc. Avalia-se que a renovação dos nossos membros, incorporando os futuros novos professores e pesquisadores é um fator estratégico para nossa atuação no médio e longo prazos.

Como forma de coordenar todas essas propostas, pretende-se consolidar a experiência da Direção Ampliada, que tem se mostrado bastante operativa nas últimas gestões. Dessa forma, além da Diretoria formalmente eleita, podem participar e contribuir em processos consultivos outros militantes de nossa Sociedade Brasileira de Economia Política.


Composição da Chapa:

Presidente: Marcelo Dias Carcanholo (UFF)
Vice-Presidente: Vanessa Petrelli Correa (IE-UFU)

Diretores:
Ramón Garcia Fernandez (UFABC)
Márcio Lupatini (UFVJM)
Pedro Rossi (Unicamp)
Frederico Katz (UFPE)
João Leonardo Gomes Medeiros (UFF)
Tiago Camarinha Lopes (UFG)
Maurício Sabadini (UFES)


Um comentário: